Com os instintos aguçados por anos de treino, o homem do futuro empurra o companheiro para o lado, salvando-o de uma dentada mortal e dispara uma descarga de energia, estorricando o dinossauro.
Seguindo-lhe o exemplo, o homem oitocentista, solta a potência da sua arma de plasma, eliminando o outro predador.
- Aha! Vencemos! – festejou satisfeito.
- Não! – responde-lhe o companheiro do futuro, enquanto, puxa umas fivelas do seu estranho fato. - Esta espécie ataca sempre em grupo, mais virão. Temos que chegar à pirâmide antes que apareçam.
- E como o faremos se não temos asas para voar? – pergunta o oitocentista com a adrenalina à flor da pele.
- No tempo de onde venho não precisamos de asas para voar. – dizendo isto, o homem do futuro lança-se no precepício, arrastando-o consigo.
Perplexo o homem do século XVIII, vê-se a pairar no ar.
- Como é possível?
- Este fato tem um sistema antigravidade especialmente concebido para esta missão. Os mestres da nossa ordem, do teu futuro e do meu presente, viram que seria necessário transpor este precipício para chegar à pirâmide.
- Eles previram tudo! É deveras extraordinário!
- Nem por isso, limitaram-se a olhar para o passado e registar o que seria necessário para ser bem sucedido.
- Ainda me dá um nó na cabeça ao tentar perceber como é possível.
O homem do futuro ri-se solidário.
- Eu deixo as questões técnicas para os mestres.
Os dois voam da borda do precipício até ao topo da pirâmide onde se eleva o grande Olho que Tudo Vê.
- É aqui neste ponto entre a pirâmide e o Olho que segundo os manuscritos que encontrei junto do sacerdote núbio, encontraremos a passagem. Não olhes directamente para o Olho. – adverte o homem oitocentista.
- Eu sei. Fui treinado toda a minha vida para este dia. – tranquiliza o homem do futuro.
Uma descarga de energia atinge a pirâmide numa explosão, sacudindo os dois homens do seu lugar.
Nova explosão e o homem do futuro desequilibra-se e cai do alto da pirâmide rumo ao precipício. O homem oitocentista atira-se para a frente mesmo a tempo de lhe agarrar a mão, salvando da morte.
- Consegues içar-te pelo meu braço? – pergunta por entre os dentes cerrados num esgar de esforço.
- Sem problemas. - O homem do futuro, atlético, conseguiu apoiar um dos pés na parede da pirâmide e com um impulso trepou pelo forte braço do amigo.
- Obrigado! Duvido que o fato anti-gravidade tivesse energia suficiente para me salvar o pescoço da queda.
- Agora estamos quites. – o oitocentista sorri-lhe, mas a expressão muda radicalmente. - Olha para o céu, a invasão começou! Temos que nos despachar.
O homem do futuro levanta o olhar na direcção indicada e não acredita no que vê. Toda a vida foi treinado para esta missão, sabia exactamente o que tinha pela frente, mesmo assim, não consegue evitar o choque da visão do seu inimigo ao vivo.
Os dois homens apressam-se a atravessar a porta que entretanto se abriu à sua frente, no espaço entre a pirâmide e o Olho radiante.
Mergulham na escuridão. Muito ao longe conseguem ouvir as explosões abafadas do ataque.
Faz-se ouvir uma voz que ecoa no espaço imenso:
- A minha mensagem foi recebida.
- Sim e nós respondemos. – dizem prontamente e em uníssono os dois homens. – Do futuro viemos para vos salvar.
Continua.
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