quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Batalha nas Portas Sagradas (1ª Parte)

Lars estendeu o seu poderoso braço como plataforma de aterragem para o falcão peregrino que regressou da sua longa viagem. As suas garras cravaram-se na resistente pele nua do falcoeiro, sem lhe provocar qualquer lesão.

- Que notícias trazes das Savanas Douradas, fiel companheiro? – perguntou Lars assim que a ave recuperou o fôlego.

- Fiacha, o Rei Leão, te saúda como Senhor dos Ares, nobre Lars e pede-te ajuda nesta hora negra que se abateu sobre o reino das Savanas. – o falcão agitou as penas nervoso e prosseguiu o seu relato. – Smirlah, a cria do rei foi raptada e ninguém sabe por quem!

Lars meditou nas implicações que aquela notícia trazia. O equilíbrio entre os sete reinos estava em risco. Pior, a própria Criação encontrava-se ameaçada caso Smirlah caísse nas mãos erradas e certos rituais fossem praticados em locais que não convinham ser tornados públicos.

Sem mais contemplações, Lars levou o Corno de Baba Duur aos lábios e soprou com toda força.

O som ecoou pelo Vale dos Pináculos de Marfim e das suas grutas e abrigos nas escarpas, levantaram voo legiões de aves de rapina, em resposta ao apelo do seu mestre e senhor.

- Venham a mim, meus fiéis seguidores. O tempo urge! Smirlah a futura sacerdotisa do Círculo Branco foi raptada por agentes desconhecidos. Temos que a encontrar antes que o seu sangue seja derramado. A Criação depende de nós. Procurem-na por todo o Mundo!

Obedientes, as aves espalharam-se pelos sete cantos do Mundo em busca da jovem princesa.

Longe dali, no deserto de Ébano, uma extensa caravana de elefantes carregados com tendas de viagem e várias cestas de provisões, prosseguia a sua marcha por entre uma tempestade de areia que os fustigava.

A tempestade não dava mostras de abrandar, antes pelo contrário, aumentava gradualmente de intensidade.

Quando as condições se tornaram insustentáveis para os pobres paquidermes, saiu de uma das tendas, uma mulher que com um gesto ordenou o fim da tormenta.

O vento cessou imediatamente e as partículas de areia suspensas caíram ao chão.

Das restantes tendas empoleiradas nos possantes animais, saíram várias sacerdotisas que enalteceram a sua líder em profunda reverência:

- Viva Mashira, a sábia! Viva Mashira, pela sua imensa glória!

-Silêncio! – ordenou a misteriosa mulher com veemência. – Ninguém deve proferir esse nome nestas terras. A nossa missão deve permanecer secreta.

Submissas as sacerdotisas retiraram-se para o interior das suas tendas e a viagem prosseguiu mergulhada em silêncio absoluto, tal como o secretismo da sua demanda o exigia.

No interior da sua tenda Mashira removeu um lençol e descobriu a jaula dourada que aprisionava uma jovem cria de leão malhada.

- Minha bela Smirlah, em breve, todos os nossos problemas chegarão ao fim. Todos os enigmas serão resolvidos nas Portas da Montanha Sagrada. – Sorriu a Grã-Mestre da Ordem do Círculo Branco.

Não muito longe dali, no mesmo deserto de Ébano, dois remoinhos de vento deram forma a dois arqueiros que se prostraram aos pés da sua Rainha Tanger-Ina.

- Senhora do Arco de Jahalam, a vós eterna glória! – saudaram a rainha e continuaram. - Nós, vossos servos fiéis, vos trazemos palavras com asas velozes como o vento. A caravana de dez mil elefantes que invadiu os vossos domínios há quase uma semana, pertencem a Mashira, a Grã-Mestre.

- Mashira! – repetiu para consigo. – Mashira, a sábia, nos meus domínios! Então a hora chegou. O caminho para as Portas tem que ser bloqueado.

- Invoquem o meu exército de génios do vento, vou precisar de todos os arcos disponíveis. – ordenou a Rainha aos dois batedores. – Desta vez, não permitirei que Mashira leve a sua avante.

Do céu, as aves de Lars, Senhor dos Ares, avistaram o ajuntamento das forças de Tanger-Ina, a Arqueira de Jahalam.
Os sinais são evidentes, a batalha pelas Portas Sagradas está iminente!
As aves sentem a urgência da situação: precisam salvar a cria do Rei Fiacha das mãos das duas Arqui-inimigas.

As peças estão em jogo e todos os caminhos conduzem à entrada da Montanha Sagrada, onde o destino do Mundo será disputado.

(Continua)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mergulho Profundo

Mergulho cada vez mais fundo no interior deste labirinto cósmico.

É difícil escapar às suas armadilhas e ilusões.

O que é real, o que é imaginação?

Os limites do meu ser diluem-se com as memórias e fantasias projectadas por estas passagens e corredores intrincados.

A minha personalidade funde-se com o intelecto supremo que governa esta dimensão.

No escuro, mergulho cada vez mais fundo no interior desta divindade em busca do Grande Segredo.