quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Olho que tudo vê (2ª parte)

Com os instintos aguçados por anos de treino, o homem do futuro empurra o companheiro para o lado, salvando-o de uma dentada mortal e dispara uma descarga de energia, estorricando o dinossauro.

Seguindo-lhe o exemplo, o homem oitocentista, solta a potência da sua arma de plasma, eliminando o outro predador.

- Aha! Vencemos! – festejou satisfeito.

- Não! – responde-lhe o companheiro do futuro, enquanto, puxa umas fivelas do seu estranho fato. - Esta espécie ataca sempre em grupo, mais virão. Temos que chegar à pirâmide antes que apareçam.

- E como o faremos se não temos asas para voar? – pergunta o oitocentista com a adrenalina à flor da pele.

- No tempo de onde venho não precisamos de asas para voar. – dizendo isto, o homem do futuro lança-se no precepício, arrastando-o consigo.

Perplexo o homem do século XVIII, vê-se a pairar no ar.

- Como é possível?

- Este fato tem um sistema antigravidade especialmente concebido para esta missão. Os mestres da nossa ordem, do teu futuro e do meu presente, viram que seria necessário transpor este precipício para chegar à pirâmide.

- Eles previram tudo! É deveras extraordinário!

- Nem por isso, limitaram-se a olhar para o passado e registar o que seria necessário para ser bem sucedido.

- Ainda me dá um nó na cabeça ao tentar perceber como é possível.

O homem do futuro ri-se solidário.

- Eu deixo as questões técnicas para os mestres.

Os dois voam da borda do precipício até ao topo da pirâmide onde se eleva o grande Olho que Tudo Vê.

- É aqui neste ponto entre a pirâmide e o Olho que segundo os manuscritos que encontrei junto do sacerdote núbio, encontraremos a passagem. Não olhes directamente para o Olho. – adverte o homem oitocentista.

- Eu sei. Fui treinado toda a minha vida para este dia. – tranquiliza o homem do futuro.

Uma descarga de energia atinge a pirâmide numa explosão, sacudindo os dois homens do seu lugar.

Nova explosão e o homem do futuro desequilibra-se e cai do alto da pirâmide rumo ao precipício. O homem oitocentista atira-se para a frente mesmo a tempo de lhe agarrar a mão, salvando da morte.

- Consegues içar-te pelo meu braço? – pergunta por entre os dentes cerrados num esgar de esforço.

- Sem problemas. - O homem do futuro, atlético, conseguiu apoiar um dos pés na parede da pirâmide e com um impulso trepou pelo forte braço do amigo.

- Obrigado! Duvido que o fato anti-gravidade tivesse energia suficiente para me salvar o pescoço da queda.

- Agora estamos quites. – o oitocentista sorri-lhe, mas a expressão muda radicalmente. - Olha para o céu, a invasão começou! Temos que nos despachar.

O homem do futuro levanta o olhar na direcção indicada e não acredita no que vê. Toda a vida foi treinado para esta missão, sabia exactamente o que tinha pela frente, mesmo assim, não consegue evitar o choque da visão do seu inimigo ao vivo.

Os dois homens apressam-se a atravessar a porta que entretanto se abriu à sua frente, no espaço entre a pirâmide e o Olho radiante.

Mergulham na escuridão. Muito ao longe conseguem ouvir as explosões abafadas do ataque.

Faz-se ouvir uma voz que ecoa no espaço imenso:

- A minha mensagem foi recebida.

- Sim e nós respondemos. – dizem prontamente e em uníssono os dois homens. – Do futuro viemos para vos salvar.

Continua.

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